Sorriso além da estética: prevenção e tratamento precoce da má oclusão
Por Isabela Santos e Mirella Lopes
Algumas pessoas só aprendem a sorrir sem medo depois de um tratamento ortodôntico. Natália Queiroz, de 15 anos, é exemplo disso. “Eu não sorria assim, era um sorriso de boca”, explica como escondia os dentes desalinhados até retirar o aparelho fixo, em dezembro de 2024.
A autoestima e diversos problemas de saúde podem ser reparados com o auxílio da correção de más oclusões (também chamadas maloclusões ou oclusopatias), explicadas de forma simples pela professora do Departamento de Odontologia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) Halissa Simplício como “qualquer desvio na forma correta de morder”.
Essa condição, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), está em terceiro lugar na escala de prioridades entre os problemas odontológicos de saúde pública em todo o mundo, superada apenas pela cárie e pelas doenças periodontais, que estão relacionadas à gengiva.
“A má oclusão pode ser caracterizada por alterações dentárias, esqueléticas ou funcionais que afetam a mordida, a saúde, a estética e a função do sistema estomatognático. Temos uma variedade grande de más oclusões, as mais frequentes são: mordida cruzada e mordida aberta, entre outras”, define a professora com pós-doutorado na Massachusetts General Hospital-Harvard School of Dental Medicine, nos Estados Unidos.
A pesquisa nacional de saúde bucal SB Brasil 2023 revela que o Rio Grande do Norte é a unidade federativa com o maior percentual de oclusopatia definida (cujo tratamento é eletivo, ou seja, não urgente) em adolescentes de 12 anos, com 30,18% de incidência nessa população. Conforme o Índice de Estética Dental – Dental Aesthetic Index (DAI), são quatro tipos de maloclusões: as leves, com pouca necessidade de tratamento ortodôntico; definidas; severas e incapacitantes.
O Rio Grande do Norte também é o estado nordestino com maior percentual de necessidade de tratamento odontológico de urgência aos 12 anos ou encaminhamento (13,21%) e tratamento eletivo (55,41%). De modo geral, a saúde dentária dos potiguares deixa a desejar. Em todo o Brasil, 36,85% das pessoas nessa faixa etária apresentaram pelo menos um dente permanente com cárie não tratada. Esse percentual sobe para 64,16% no RN, atrás apenas de Roraima, com 67,17%.
Foi nessa idade que Natália começou o tratamento que lhe ajudou a sorrir. Filha de uma dentista observadora, ela já havia usado aparelho quando criança, entre os sete e oito anos, idade em que a Associação Americana de Ortodontia (AAO) e a Associação Brasileira de Ortodontia e Ortopedia Facial (Abor) recomendam que seja feita a primeira avaliação. Mas após a troca de todos os dentes de leite, o apinhamento (conhecido popularmente como entramelado) era visível, principalmente nos caninos, que ainda não encontravam lugar na arcada.
“Antes ela fez um tratamento preventivo que até ajudou na resolução do caso, por já ter realizado a primeira etapa. Ela usou aquele aparelho [ortopédico] móvel, colocado no céu da boca, que dá uma voltinha para ampliar o palato”, explica a mãe, Carolina Queiroz, que recorreu à colega Lúcia Helena para prevenir o agravo, até chegar a fase de troca dentária, quando o processo foi interrompido.
“Como tinha essa necessidade de remover molares, eu acabei adiando um pouco, até pela maturidade dela para passar por todo o processo. Nesse período que a gente esperou, ela realmente se tornou mais retraída em mostrar o sorriso. Alguns colegas aconselhavam esperar, porque ela ia sofrer um pouco devido à cirurgia e Emerson [Pimenta] foi o que disse ‘vamos fazer’. Eu senti segurança”, detalhou a mãe.
Após conversar com três dentistas e consciente da necessidade de extrair dois dentes para abrir espaço na maxila, Carolina autorizou o novo ciclo, que começou com a cirurgia feita sob sedação, em detrimento da utilização apenas da anestesia local, mais comumente usada.
Uma das vantagens dessa intervenção precoce, segundo Carolina, foi ter tirado os dentes ainda com os germes, estruturas a partir das quais se desenvolvem as raízes dos dentes. “Se tivesse esperado ela ficar adulta, ia ter que tirar a raiz, ia ser mais difícil ainda. Seria mais traumático”, avalia.
A professora Halissa Simplício explica que nas crianças é possível obter um diagnóstico mais eficaz, visualizando se o desenvolvimento está fora do esperado: “Não significa que nessa idade a gente já vai tratar, mas é uma fase que a gente consegue fazer uma ótima avaliação. E se identificarmos que existe alguma alteração, tem muita coisa que é mais fácil tratar mais cedo do que depois que ela passa pelo estirão do crescimento ou depois que ela se torna adulta”.
Vídeo feito por Carolina Queiroz no dia da remoção do aparelho fixo:
Com dois anos de uso do aparelho fixo – menos tempo do que esperava – Natália já conseguiu o resultado final, avaliando seu sorriso em antes: “Era muito, muito feio. E até para comer era ruim. Óbvio que o que mais me chateava era a aparência. Se procurar foto minha mostrando, não tem. É uma coisa que realmente marcou muito a minha vida.” E depois: “Hoje em dia é o que as pessoas mais elogiam em mim. Sempre que vou fazer uma foto, faço questão de sorrir. Não consigo fazer carão, não combina comigo. O que faz a minha personalidade é o meu sorriso.”

Padrão ouro
A assinatura da transformação de Natália é do ortodontista Emerson Pimenta, que orienta sempre a procurar correção de maloclusão “na hora certa”, com bons profissionais. Ele é um dos 200 dentistas diplomados pelo Board Brasileiro de Ortodontia e Ortopedia Facial (BBO), certificação de padrão de excelência clínica, e diretor de comunicação e informática da Abor, entidade responsável por um dos maiores congressos da área na América Latina e por disseminar conhecimento para dentistas e população em geral.

Para obter o reconhecimento, é preciso se submeter a uma prova e apresentar históricos de pacientes. “Esses casos vão passar por uma banca, que vai analisar se o profissional concluiu o atendimento com excelência. Se você passar, recebe o título de diplomado pela Abor. [O selo] Mostra o que é a excelência na ortodontia”, explica Pimenta.
Halissa Simplício alerta que o curso de odontologia forma o dentista, mas não o capacita para atuar nesse segmento, uma das especialidades mais longas da área. Portanto, é importante que os clientes fiquem atentos à qualificação do profissional.
“A especialização tem duração de três anos. É mais da metade da graduação, que tem duração de cinco anos. Do ponto de vista jurídico, o dentista tem direito de fazer porque ele sai formado, mas na prática a gente sabe que a pessoa não sai capacitada para atuar nessa área. Então, é muito importante que o leigo procure saber se a pessoa com quem ele vai realizar o tratamento tem uma especialização em ortodontia e uma especialização boa, porque hoje em dia a gente enfrenta outro problema que são os cursos abertos com carga horária abaixo da mínima requerida.”
A orientação é consultar se o profissional está inscrito no Conselho Regional de Odontologia (CRO) como ortodontista e, como adicional, se é membro da Abor.
Para incentivar a excelência na formação, a Associação está formulando um selo também para pós-graduações. “Estamos criando o selo Abor de qualidade para as especializações que seguem aquele padrão que nós consideramos como padrão ouro. Por exemplo, se ela tiver mais de duas mil horas, mais de um professor por aluno… há requisitos que levam a Abor a orientar os profissionais a fazer determinadas especializações porque ela vai formar um bom profissional”, revela Emerson Pimenta.
Jornada para o sorriso: investigação, causas, consequências e tratamentos
Após a escolha do especialista, será realizada a primeira consulta, na qual o paciente apresentará suas queixas, durante a chamada anamnese, e será feito o exame clínico. A partir de então, é solicitada a documentação ortodôntica, conjunto de exames que ajudará a verificar o problema e suas causas ou a identificar que não há necessidade de tratamento.
“A gente tem problema de etiologia dentária, quando envolve só dentes; de etiologia esquelética, quando envolve a parte óssea; muscular; e pode ter tudo junto. A etiologia é que vai ajudar a gente a definir o plano de tratamento, porque tratar um problema em que a causa é só dentária é diferente de quando tem uma causa esquelética. A documentação ortodôntica é imprescindível para que possamos instituir o correto plano de tratamento”, Simplício continua explicando, ao acrescentar que caso seja necessário, são apresentadas as opções de tratamento.

Segundo ela, dificilmente existe uma opção única. Assim, é possível discutir os prós e contras de cada tipo de aparelho (por exemplo, fixo ou removível, metálico ou transparente) e tratamento, levando em consideração tanto a correção quanto a adaptação do paciente àquela abordagem.
A má oclusão é um problema, em alguns casos, difícil de ser identificado porque aparece aos poucos. Mas, é possível perceber alguns sinais, como se é necessário fazer um certo esforço para que os dentes se encontrem ao fechar a boca ou se o queixo fica franzido (sinal de que é preciso alguma força para o encontro dos lábios).
A genética é uma variável, assim como os traumas que possam vir a afetar a face ou os dentes e os distúrbios otorrinolaringológicos que favorecem a respiração pela boca, como desvios de septo, aumento das adenoides e postura inadequada da língua.
A investigação deve ser minuciosa e pode ir além da face:“[A má oclusão] Pode causar diversos problemas de saúde que afetam não apenas a função mastigatória, mas também respiração, fonação e até mesmo a saúde sistêmica (geral). Entre as principais, temos: dificuldades de mastigação, alterações na deglutição e na fala, problemas respiratórios, maior risco de cárie e doença periodontal, desgaste excessivo dos dentes, assimetrias faciais e impacto psicológico”, detalha Halissa.
Em alguns pacientes, a oclusopatia interfere na qualidade do sono e consequente liberação de hormônios, havendo relatos de apneia obstrutiva do sono que, em casos graves, pode levar à morte.
“Quando a gente dorme, a gente sofre algumas paradas respiratórias, chamadas de apneia. Até três episódios por hora, é considerado normal. E tem pessoas que têm 30 episódios por hora, 15 episódios por hora. É o organismo tentando dizer ‘você está sem respirar, respire’. Nesse despertar, o coração vai a mil por hora. Se ele dorme cinco horas, multiplica aí cinco por trinta”, Emerson demonstra, ao concluir que esse sono não é reparador. A pessoa acorda cansada, com dores musculares e possivelmente desenvolve bruxismo (ranger e apertamento dos dentes) – outra questão multifatorial e que também se apresenta ora como causa, ora como consequência de maloclusões.
Emerson Pimenta explana que os modelos de faces demonstram propensão a determinados distúrbios. O biotipo braquifacial, rosto mais quadrado, tem tendência a bruxismo, por possuir musculatura fortalecida. Já apneia se apresenta em indivíduos com mandíbula pequena, “sem queixo” ou até em faces longas.

“A apneia tem outras mil razões, como a obesidade. Mas esse problema do sono com a apneia, a odontologia entrou agora com força e é maravilhoso poder tratar isso, porque ele causa um problema muito sério na saúde sistêmica do paciente. O paciente que não dorme bem, ele não está bem em nada da saúde dele. Pode ser cardíaco, ter diabetes, tudo isso hoje se sabe que está associado à falta de um sono reparador. E uma pessoa com apneia não tem sono reparador”, esclarece.
Já o bruxismo é classificado como um dos hábitos parafuncionais/ deletérios, ou seja, ações involuntárias que influenciam de forma negativa na saúde bucal. A ele se somam o instintivo ato dos bebês de chupar o dedo e o uso de bicos na infância, seja com chupetas ou mamadeiras (por períodos superiores a 18 meses). Também por isso, é fundamental priorizar o aleitamento materno. Além de ser o melhor alimento para o recém-nascido, recomendado como exclusivo pela OMS até os seis meses de vida, a amamentação também garante uma melhor formação da cavidade oral, prevenindo más oclusões por hipodesenvolvimento e criando um padrão correto de respiração, postura e atividade muscular.

Causam danos ainda posição errada ao dormir, mascar chicletes, morder bochecha, lábios e língua, pressionar a língua contra os dentes, roer unhas e cutículas, roer objetos como canetas e até mesmo colocar a mão embaixo do queixo (postura do pensador). Tudo isso promove um aumento da atividade muscular acima da necessária, sendo ainda fatores para disfunção temporomandibular (DTM): conjunto de sintomas associados às articulações temporomandibulares (ATM).
Além disso, existem os fatores ocupacionais ou hábitos profissionais. O bocal do tubo de respiração (snorkel) do mergulhador e o de instrumentos musicais desde a infância podem gerar impactos orofaciais. “O violino [mesma situação da viola de arco e da rabeca] tende a alterar a posição da mandíbula e os instrumentos de sopro, alterações na dentição. Se você aplicar uma força ao dente, ele vai se movimentar”, atenta Emerson Pimenta.
Outra preocupação dos dentistas com seus pacientes é com a manutenção do primeiro molar permanente, que tem relação direta com a harmonia da mastigação. Por causa do crescimento lento (1 a 2 anos) e de sua posição, não é incomum a ocorrência de cáries e até perdas dentárias, o que desarmoniza o arco e desestabiliza a área de mastigação.
“O primeiro molar é o primeiro dente que nasce sem antecessor, mais ou menos aos seis, sete anos de idade. Então, normalmente os pais pensam que ele ainda é de leite e aí não se incomodam muito com esse dente, que tem alto índice de cárie. E ele é a base da oclusão. É onde a oclusão vai começar a se estabelecer. Tanto que a classificação das oclusões, classes I, II e III, é baseada no primeiro molar.”, argumenta o diretor de comunicação da Abor.

Estética em segundo plano
A procura pelo sorriso perfeito sempre está vinculada ao bem-estar e à qualidade de vida dos pacientes, como aconteceu com Natália, mas Emerson esclarece que na ortodontia a estética vem depois da função. “Nós como profissionais da saúde observamos logo a função. Quando você alinha os dentes, posiciona bem tanto os dentes quanto maxila e mandíbula, com certeza você vai ganhar a estética. Não existe estética na ortodontia sem corrigir dentes e bases ósseas.”
Dois exemplos podem ser citados. Há pessoas que recorrem a preenchimentos do queixo/mento quando deveriam mover a mandíbula para frente. “O sulco fica grande e não corrige a função. Posso mostrar n casos em que, com a correção dentária, o perfil fica lindo”, diz o especialista. Outra situação é o alinhamento dos dentes sem corrigir a posição dos ossos maxilares. O resultado imediato pode ser harmonioso, mas com um tempo, ocorre recidiva (retorno), já que a base do problema não foi resolvida. “Às vezes você fazer um tratamento só pela estética pode não ser legal, pode não ser bom.”
Em algumas situações, a correção dos ossos só é possível com cirurgia. Foi o caso do médico veterinário Ciro Fagundes, que só resolveu o problema de má oclusão na fase adulta, aos 28 anos, depois do incentivo de Emerson, de quem é primo.
“O queixo começou a ficar mais proeminente na adolescência. Eu não ligava muito porque disfarçava bem com um cavanhaque. Mas, depois que coloquei o aparelho e os dentes começaram a se alinhar senti a diferença”, relata Ciro, que hoje tem 45 anos.
Depois de um período com aparelho, Ciro passou por cirurgia ortognática com outro especialista, um cirurgião buco-maxilo-facial. Assim como nos casos dos demais pacientes, apesar do apelo estético da mudança, a preocupação do dentista foi muito além das aparências.
“Quando os dentes se alinharam, ele não conseguia nem fechar a boca e tocava apenas um dente, imagine como é a mastigação de uma pessoa assim. A procura maior é por estética, mas observamos logo a função. A correção do problema dá estabilidade à estética. Você nunca vai obter uma estética boa se você não corrige a função”, pondera Emerson Pimenta.
O caso de Ciro se encaixa no que os ortodontistas chamam de Classe III, quando a mandíbula e os dentes inferiores ficam projetados à frente dos dentes superiores. O ideal é que os dentes superiores cubram ligeiramente os de baixo e que o arco dentário superior seja um pouco maior.
Passado o período da cirurgia e uma rápida recuperação, que durou cerca de quatro meses (pode chegar a um ano), o médico veterinário conta que não se imagina mais como antes.

“Com 15 dias já estava fazendo natação. Demorei muito a cuidar desse problema, mas depois que fiz a cirurgia e vi o resultado, recomendo a todo mundo que me pergunta”, garante.

Além da Classe III, dentre os tipos de más oclusões, ainda há a Classe I, que é quando os molares da maxila estão alinhados com os molares da mandíbula, e a Classe II, caracterizada pelo recuo da mandíbula, que causa aquela impressão de queixo para dentro.
Ciro só iniciou o tratamento na fase adulta, após conseguir autonomia financeira. Além disso, ele ainda teve a sorte de contar com um familiar próximo que o incentivou e orientou durante todo o processo. Mas, não é assim para a maioria dos brasileiros.
Caminhos para o acesso à saúde bucal
Se antes pouca gente tinha condições de se submeter a um tratamento ortodôntico, essa realidade tem mudado. O mercado já oferece preços mais acessíveis, embora variados (tratamentos completos podem chegar ainda a R$ 20 mil), além de haver alguns serviços gratuitos pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e em clínicas-escolas de universidades públicas e privadas, que ajudam a população enquanto aperfeiçoam a prática acadêmica dos estudantes.
Depois de passar a adolescência inteira escondendo o sorriso por causa de um dente para a frente, foi só ao entrar na universidade e conseguir um estágio que Sunamita Nunes de Oliveira colocou aparelho nos dentes.
Ela tinha por volta dos 33 anos e pagava mensalmente uma taxa de cerca de R$ 60 para participar do programa da faculdade de odontologia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), que garantia atendimento acessível a pessoas de baixa renda.
“Não tive condições de colocar o aparelho antes. Pagava um valor bem baixo, mas que para mim era muito, com o dinheiro que recebia do estágio”, relembra Sunamita, que é bibliotecária.
O sorriso sem medo veio a tempo da formatura, antes da qual ela tirou o aparelho e finalizou o tratamento, ficando apenas com uma contenção, que mantém até hoje. “Só tenho cuidado com a higiene e sempre que faço consulta o dentista verifica se tá tudo direitinho”, resume.

Sunamita diz ter ficado satisfeita com o resultado. Fotos: acervo pessoal
Ter acesso a tratamento odontológico de modo geral é algo difícil para 46% dos brasileiros, segundo o Conselho Federal de Odontologia. No Brasil, mais de 20 milhões de pessoas nunca realizaram uma consulta odontológica e mais da metade da população não vai ao dentista nem uma vez ao ano, segundo pesquisa realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 2013.
A Organização Mundial de Saúde estima que 3,5 bilhões de pessoas no mundo sofrem de doenças bucais e uma das dificuldades é, justamente, o acesso aos tratamentos. Segundo o Ministério da Saúde, o programa Brasil Sorridente tem sido a principal estratégia para garantir acesso a tratamentos odontológicos, ofertando ações de promoção e reabilitação evitando, assim, diagnóstico tardio.
Para ter acesso a esses serviços, é necessário procurar a Atenção Primária à Saúde através das equipes de saúde bucal que estão presentes nas Unidades Básicas de Saúde e nas Unidades Odontológicas Móveis. Nos casos mais complexos, o paciente é encaminhado aos Centros de Especialidades Odontológicas, aos Serviços de Especialidades em Saúde Bucal e, se não houver atendimento para o caso em específico na assistência especializada, é encaminhado aos hospitais.
Atualmente, a UFRN oferece atendimento gratuito por meio da Clínica Infantil do Departamento de Odontologia, que atende crianças com idades de 5 a 11 anos que apresentem más oclusões dentárias ou esqueléticas, sejam simples ou complexas.
Em média, 40 crianças iniciam atendimento por ano. Aproximadamente 160 pacientes estão em tratamento e são acompanhados mensalmente ou trimestralmente, a depender do caso. A assistência funciona na Clínica IV do Departamento de Odontologia da UFRN (na Avenida Senador Salgado Filho, 1787, Lagoa Nova), nas segundas-feiras, das 14 às 18h, e nas quartas-feiras, das 8h às 12h.
Algumas universidades particulares também oferecem atendimento odontológico, mas com seleção de pacientes apenas no início de cada semestre. A UnP, por exemplo, tem uma fila de espera que chega a mil pretendentes.
Já na rede municipal de Natal o serviço odontológico pode ser acessado por meio da Atenção Primária nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) que dispõe de ações de prevenção, promoção, recuperação e reabilitação da saúde bucal.
O município também conta com atendimento nas urgências e emergências odontológicas nas Unidades de Pronto Atendimento (UPA) Pajuçara e Esperança, além do Centro de Referência Odontológica Dr. Morton Mariz de Faria (CRO) e na Unidade Mista de Mãe Luiza.
São disponibilizados também os serviços especializados nos três Centros de Especialidades Odontológicas (CEO): o CEO Morton Mariz (CRO Dr. Morton Mariz), CEO Oeste (Policlínica Oeste) e CEO Norte (Policlínica Norte), com as seguintes especialidades: Cirurgias orais, Endodontia (tratamento de canal), Próteses dentárias, Periodontia, atendimento a pacientes Portadores de Necessidades Especiais (PNE), Estomatologia, Odontopediatria e Radiologia.
Seja no serviço público ou em clínicas privadas, é fundamental que a primeira ida ao dentista ocorra ainda na infância, incluindo a prevenção e a avaliação de maloclusões. Essa abordagem precoce não só garante tratamentos mais simples e eficazes, mas também evita complicações futuras. Dentes alinhados vão muito além da estética: eles promovem confiança, funcionalidade e saúde integral. Afinal, o sorriso é mais do que um gesto; é uma expressão universal de felicidade e bem-estar.
Reportagem vencedora do I Prêmio ABOR de Jornalismo, na categoria Webjornalismo.
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